Hand Talk e o Empreendedorismo Social

Arthur Palhares Teixeira Neto - 11721ADM029

Breno Merotti Crippa -11721ADM008

Karoline Pires Teodoro - 11721ADM001

Lucas de Moraes - 11711ADM007

Mariana Cardoso Torezam - 11721ADM007




Introdução


Cerca de 80% dos surdos no mundo não sabem muito sobre o idioma usado em seu país / região. A maioria deles entende a linguagem de sinais e confia nela para comunicação. Segundo estatísticas da Organização Mundial da Saúde, existem mais de 360 ​​milhões de pessoas com deficiência auditiva no mundo e, de acordo com o Censo do IBGE 2010, quase 10 milhões delas são brasileiras. No Brasil, a língua falada pela comunidade surda é a Libra, que é legalmente reconhecida como uma língua usada com o português. Por se tratar de uma língua basicamente fonética, torna-se mais difícil aprendê-la entre os surdos-mudos. A maioria das escolas do país ainda não consegue oferecer uma boa estrutura de ensino para surdos. Nesse contexto, os surdos-mudos vivem como estrangeiros em suas próprias terras e não podem usufruir dos serviços básicos devido ao inconveniente transporte de Libra,  sendo este o principal desafio.


Acessibilidade digital


Trazido para o mundo virtual, esse problema ganha um contorno preocupante: a falta de acessibilidade digital em Libras faz com que a internet esteja praticamente offline para uma parcela significativa da população, que não consegue consumir qualquer tipo de conteúdo ou comprar online. Apesar de ser obrigatória por lei desde janeiro de 2016, quando a Lei Brasileira de Inclusão entrou em vigor, a acessibilidade digital ainda está longe de ser uma realidade no país. Menos de 1% dos sites brasileiros está acessível.

Diante desse contexto, a Hand Talk disponibiliza para as organizações o seu Plugin de Acessibilidade, uma ferramenta prática que resolve o problema com o simples clique de um botão. Após a ativação da janela de acessibilidade do Plugin, o usuário é apresentado ao Hugo ou à Maya, os carismáticos tradutores virtuais da Hand Talk, que fazem a tradução dos textos para a língua de sinais. Os sites que contam com a tecnologia passam a abrir as portas para um público de milhões de pessoas de forma inovadora e socialmente responsável, dando autonomia para seus usuários surdos. 



Como tudo começou

O que hoje tem a forma de um serviço de acessibilidade digital voltado para empresas teve início com uma ideia mais simples mas não menos ousada: o aplicativo Hand Talk.

Foi em 2008 que o publicitário Ronaldo Tenório, hoje CEO da Hand Talk, teve a ideia que mudaria não só a sua vida, mas a de milhões de surdos pelo país. Durante um projeto de faculdade, o empreendedor percebeu que poderia unir duas de suas paixões - a tecnologia e a comunicação - para resolver um problema global e ajudar milhões de pessoas. O projeto ficou guardado por quatro anos, até que ganhou cara (e corpo!) em 2012, quando Ronaldo e dois amigos, hoje seus sócios, Carlos Wanderlan (Analista de Sistemas) e Thadeu Luz (Arquiteto especialista em 3D), se juntaram para colocar a mão na massa, apresentando a solução em um desafio de startups do qual saíram vitoriosos. Ali nasciam a Hand Talk e o seu líder, o Hugo.

Com mais de quatro milhões de downloads, o aplicativo Hand Talk funciona como um tradutor de bolso, traduzindo texto e voz automaticamente para Libras, e conta com a seção educativa Hugo Ensina - uma série de vídeos em que o personagem ensina sinais e expressões em Libras para os interessados na língua. O app é gratuito e está disponível para tablets e smartphones, nos sistemas Android (na Play Store) e iOS (na App Store). 


Prêmios e impacto 


Ao longo de sua trajetória, a Hand Talk contou com a ajuda de mentores e acelerações de organizações referência no Brasil e Estados Unidos, como Artemisia e Instituto Quintessa, na área de impacto social, e a Launchpad Accelerator - a aceleradora de Startups do Google, o que deu forma a seu modelo de negócios atual, focado em geração de impacto em larga escala.

Em 2018, a Hand Talk adquiriu a ProDeaf, sua principal concorrente na tradução para Libras. Com isso, incorporou à carteira clientes como o Banco Bradesco, Insper e Bradesco Seguros, ampliando o alcance de sua atuação.

Além disso, com a captação de um investimento de R$ 2,5 milhões no mesmo ano, a startup passou a investir fortemente no crescimento da sua estrutura de vendas e melhoria de produtos, com o objetivo de deixar cada vez mais sites acessíveis com uma experiência ainda melhor para seus usuários. A rodada, liderada pela Kviv Ventures (fundo de investimento da família Klein voltado para negócios de impacto social) e com follow on da Bossa Nova Investimentos, também colocou a internacionalização no norte da empresa, que planeja lançar seu aplicativo também na Língua de Sinais Americana (ASL) em breve.



O reconhecimento da solução como inovadora e acessível veio de várias partes do Brasil e do mundo. Foram dezenas de prêmios, dentre eles o de Melhor Aplicativo Social do Mundo em 2013, entregue pela ONU (Organização das Nações Unidas), no prêmio World Summit Mobile Award, em Abu-Dhabi. Na ocasião, a Hand Talk concorreu com cerca de 15.000 aplicativos de mais de 100 países.  

Para além dos prêmios, há também o reconhecimento da mídia. A revista ÉPOCA Negócios, da Editora Globo, elegeu a Hand Talk como uma das 100 startups brasileiras para se ficar de olho em 2018. E a Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, como  um dos 30 negócios que fazem bem ao país.


Conclusão


Hoje o assunto acessibilidade é tendência, mas quando a Hand Talk começou pouca gente se empenhava de fato para a resolução de vários problemas envolvendo o assunto. Por esse motivo ela hoje é uma empresa referência para muitas outras que estão entrando na área e buscando por recursos e incentivos para mudar a vida de outras pessoas. Com certeza pode ser um caminho mais complicado a se percorrer analisando apenas o negócio, pois nem sempre o interesse de uma minoria que necessita de acessibilidade estará na mira de alguma grande empresa, principalmente por esse motivo que precisamos destacar empresas como a Hand Talk, para mostrar que é possível sim desenvolver oportunidades lucrativas tendo em vista resolver problemas sociais.



Referências 

 

BRASILEIRO É ELEITO UM DOS 35 JOVENS MAIS INOVADORES DO MUNDO. Revista Pegn, 2016. Disponível em: <   

https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2016/08/brasileiro-e-eleito-um-dos-35-jovens-mais-inovadores-do-mundo.html>. Acesso em: 12 de maio de 2021.

 

Hand Talk compra a concorrente ProDeaf. Revista Peng, 2018. Disponível em: < https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2018/06/hand-talk-compra-concorrente-prodeaf.html>. Acesso em: 12 de maio de 2021.

 

Hand Talk recebe investimento de R$ 3 milhões do Google. Revista Pegn, 2019. Disponível em: < https://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/Negocios-sociais/noticia/2019/05/hand-talk-recebe-investimento-de-r-3-milhoes-do-google.html>. Acesso em: 12 de maio de 2021.

 

Sobre Hand Talk. Hand Talk, 2021. Disponível em: <https://www.handtalk.me/br/sobre>. Acesso em: 10, maio de 2021.


Comentários

  1. Interessante o texto, não conhecia essa iniciativa. De fato empreendedores sociais conseguem oferecer soluções para os problemas sociais de forma inventiva e inovadora nas mais diversas áreas e inclusive são capazes de criar novas áreas de atuação sócio empresarial que impactam positivamente a nossa sociedade.

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  2. Eu não conhecia esse projeto da Hand Talk, fiquei muito feliz com o intuito dele. Eu tenho parente surdo-mudo e sei o tanto que eles sofrem por não terem essa acessibilidade e não conseguirem realizar a maioria das atividades pelo fato de muitas pessoas não terem o conhecimento da LIBRAS. Muito bom esse trabalho, parabéns!!

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  3. Já vivenciei uma situação no trabalho com uma pessoa surdo-mudo, tive que sair procurando para encontrar uma pessoa que saberia falar libras, encontrei, e percebi que muitos lugares não estão preparados (isso me inclui) para o atendimento à essas pessoas principalmente em lugares de serviços municipais, autarquias etc. As pessoas de modo geral só vão perceber essas necessidades e outros também quando é com a gente ou próximo de nós, mas é muito bonito de ler uma matéria desse tipo com pessoas que veem e sentem realmente a dificuldade que é para quem é surdo-mudo e buscam forma para melhorar a vida dessas pessoas.

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  4. Achei incrível essa ferramenta! Não a conhecia, mas consigo imaginar o quanto ela consegue ser útil e solidária para quem precisa. É muito bom ver empreendedores interessados em ajudar uma parcela da população que, até então estava sendo deixada de lado, e não podia participar de atividades online que são tão simples para a maioria das pessoas. Com certeza uma ferramenta de impacto extraordinário!

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  5. Muito legal como pode-se unir um empreendimento lucrativo e que faz o bem para milhões de pessoas. Infelizmente a acessibilidade para surdos/mudos no Brasil ainda é muito baixa e empreendimentos como este ajudam a melhorar a vida dessas pessoas, é o tipo de negócio que merece todo o sucesso do mundo! Parabéns ao grupo.

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  6. Parabéns ao grupo, abordaram os aspectos do empreendorismo social de maneira profissional e coesa. Nunca conhecia o Hand talk, belo exemplo. 👍

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  7. Primeiro agradeço ao grupo pelo texto, conseguiram dar mais vida ao tema, trazendo uma própria organização que traz valor social para representar e falar sobre o tema empreendedorismo social.

    Não conhecia a startup, achei muito bacana por ser algo tão valoroso e necessário para os surdos/mudos. E é interessante pois mostraram que não são apenas ONG's que tratam com o empreendedorismo social, mas as organizações que faturam muito também podem e devem dar valor social às suas ações e à organização em si, assim como essa empresa bem fez. Esse é um bom entendimento sobre o que é de fato empreendedorismo social, e o que é dar valor ao negócio. Show!

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  8. Não conhecia esse excelente projeto, muito interessante e com certeza vai ajudar a mudar a vida de muita gente!

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  9. Não conhecia esse tipo de projeto que auxilia pessoa com surdez, fazendo com que seja fundamental visando a inclusão dessas pessoas através desse aplicativo

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